Sobre o projeto

A Plataforma SaMI é uma plataforma de suporte à decisão para criação de políticas públicas de saúde voltada à saúde materno e infantil. Ela aplica inteligência artificial sobre dados públicos para entender com mais profundidade os fatores de mortalidade de crianças com até 28 dias de nascimento, a chamada mortalidade neonatal.

O projeto é desenvolvido por pesquisadores do Instituto Federal de São Paulo e da UNICAMP, e conta com financiamento da Gates Foundation, CNPq e Ministério da Saúde. Foi vencedor do desafio Grand Challenges Explorations - Brazil, da Fundação Bill & Melinda Gates.

No que diz respeito à mortalidade de crianças, é preciso destacar que quase metade das mortes do mundo ocorre entre crianças menores de cinco anos, e o primeiro mês de vida é quando a criança está mais vulnerável: três a cada quatro mortes infantis ocorrem nesse período.

A sobrevivência depende tanto do organismo de cada criança quanto do estado socioeconômico da família e de políticas públicas. Baseado em estudos recentes, podemos afirmar que a maior parte das mortes neonatais poderia ser prevenida por melhores condições dos sistemas de saúde, uma vez que entre 1999 e 2013, sete a cada dez mortes de recém-nascidos ocorreram por causas evitáveis.

A Mortalidade Neonatal

Mapa 1
Fonte: data.worldbank.org

Como mostra a figura acima, mesmo tendo havido forte redução nas últimas décadas, a mortalidade neonatal no Brasil ainda é mais alta do que em diversos países.

Estamos abaixo da média mundial e levemente abaixo da média da América Latina, mas não tivemos a rápida redução observada na China nas últimas décadas, por exemplo. Até 2005, a taxa de mortalidade neonatal no gigante asiático era maior que no Brasil. Hoje, ela quase se equipara ao nível observado na União Europeia.

Isso é especialmente mais grave nas regiões mais pobres do Brasil. O principal destaque são as regiões Norte e Nordeste, mas também morrem muitas crianças no primeiro mês de vida em bolsões de pobreza de outras regiões. Embora Santa Catarina tenha o menor índice de mortalidade neonatal precoce do país, com 4.82 crianças morrendo em sua primeira semana de vida a cada mil nascidas vivas, sua microrregião de Campos de Lages, na divisa com Rio Grande do Sul, tem índice de 7.35 - comparável a algo entre Pernambuco e Alagoas, no Nordeste, como pode ser observado nas figuras abaixo.

Mapa 3
Visualização: SaMI
Mapa 2
Visualização: SaMI

Três eixos fundamentais

Para acelerar o combate ao problema, é preciso identificar os fatores específicos que mais influem na mortalidade infantil nas diferentes latitudes. Num país do tamanho do Brasil, soluções

homogêneas ajudaram até agora, mas os componentes específicos regionais podem gerar recomendações mais específicas. É por isso que o projeto SaMI tem três eixos fundamentais:

para recém-nascidos, com base em informações do bebê e da mãe.
dentro da plataforma.
Ferramenta para

O poder público gera informações brutas em grande quantidade, que podem colaborar para o entendimento do fenômeno. Neste projeto criou-se uma base de dados com aproximadamente 40 milhões de registros oriundos do Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos (Sinasc) e do Sistema de Informações de Mortalidade (SIM).

Uma massa de dados tão grande e tão detalhada dificilmente poderia ser analisada por análises tabulares, ou mesmo por métodos como regressões lineares simples. É aí que entram as técnicas de Aprendizado de Máquina, uma sub-área do campo da Inteligência Artificial. Ela permite identificar, a partir unicamente de uma análise de todo o volume de dados, de fatores que podem passar despercebidos por até mesmo para demógrafos e profissionais de saúde pública altamente qualificados.

A partir de diferentes fontes de dados, a plataforma SaMI disponibiliza diferentes formas de visualização que permitem avaliar, correlacionar e compreender as diferentes variáveis envolvidas na mortalidade neonatal nas diferentes regiões de um país de dimensões continentais como o Brasil, com todas as suas desigualdades. Com isso, é possível estabelecer processos contínuos de monitoramento da eficácia de políticas públicas locais.

Disponibilizamos também dois serviços, construídos a partir de métodos de Aprendizado de Máquina importantes para a redução da mortalidade neonatal: (1) o primeiro trata-se de um modelo para classificar recém-nascidos quanto as suas chances de sobrevivência nos primeiros 28 dias de vida, o que poderia ajudar profissionais de saúde em suas decisões em diferentes casos de risco que envolvam a criança logo após seu nascimento; (2) o segundo trata-se de um modelo de predição para a taxa de mortalidade neonatal em diferentes regiões de saúde do país, o que pode ajudar gestores a planejar com antecedência ações para reduzir taxas de mortalidade que apresentam tendência de crescimento.

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